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Fundo para florestas tropicais criado pelo Brasil recebe amplo apoio na COP30

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Lúcia Chayb Diretora eco21.eco.br @eco21_oficial @luciachayb luciachayb@gmail.comPor trinta anos foi a jornalista responsável pela revista ECO21 (1990/2020)

Após o discurso do presidente Lula na COP30, no qual afirmou que precisamos de um
roteiro para acabar com o desmatamento, líderes mundiais se reuniram para marcar o
lançamento oficial do novo Tropical Forest Forever Facility (TFFF). Os compromissos
anunciados incluem:

● Brasil: US$ 1 bilhão
● Colômbia: US$ 250 milhões
● França: 500 milhões de euros (a confirmar)
● Indonésia: US$ 1 bilhão
● Holanda: US$ 5 milhões para custos iniciais do secretariado do Banco Mundial
● Noruega: US$ 3 bilhões ao longo de uma década
● Portugal: 1 milhão de euros

A Alemanha deve anunciar seu compromisso na sexta (7), quando o chanceler Friedrich
Merz discursará na sessão plenária de líderes da COP. Outros países, como China e
Emirados Árabes Unidos, manifestaram apoio, mas não anunciaram recursos nesta
ocasião. O Reino Unido, que integra o comitê gestor do TFFF, ainda não fez um anúncio
financeiro.

Ao longo do próximo ano, à medida que o fundo for desenvolvido e colocado em prática,
espera-se que mais países invistam no TFFF — um mecanismo essencial para proteger
as florestas tropicais e demonstrar que os governos estão cumprindo promessas
anteriores, como a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra e o
compromisso 30×30.

O TFFF conta agora com endosso político de 53 países.

Países investidores (sem florestas): Alemanha, Armênia, Austrália, Áustria, Bélgica,
Canadá, China, Dinamarca, Emirados Árabes, Finlândia, França, Irlanda, Japão, Noruega,
Mônaco, Países Baixos, Portugal, Suécia, Reino Unido, União Europeia.
Países com florestas (mais de 90% das florestas tropicais do mundo): Antígua e
Barbuda, Bolívia, Brasil, Butão, Burkina Faso, Camboja, Colômbia, Costa Rica, Cuba,
Dominica, Equador, Guiana, Guiné-Bissau, Indonésia, Honduras, Libéria, Madagascar,
Malásia, México, Mianmar, Moçambique, Panamá, Peru, Papua-Nova Guiné, República
Democrática do Congo, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa, Sudão do Sul,
Suriname, Nigéria, Zâmbia.

“Quantas COPs se passaram sem um anúncio prático como este? É uma tecnologia
ambiental made in Brazil que precisa e já tem muito apoio”, disse o ministro da Fazenda
Fernando Haddad.

“É possível ter um instrumento que financie a manutenção das florestas tropicais — e
não é doação. Todos que apoiarem o fundo terão seu dinheiro de volta; é um
investimento de retorno garantido”, afirmou a ministra do Ambiente e Mudança
Climática Marina Silva.

“O mecanismo repassará 20% dos recursos diretamente a povos indígenas e
comunidades tradicionais. Isso garante autonomia e continuidade, independentemente
de mudanças de governo.”, destacou a Ministra dos povos Indígenas Sônia Guajajara.

“O fundo será abrigado no Banco Mundial, com base em estudos já entregues à
instituição”, destacou o Embaixador Maurício Lyrio.

“O risco financeiro é administrável e justificável diante do benefício”, afirmou o ministro
do ambiente da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen. “O maior risco é que as florestas
desapareçam”, completou.

O que é o TFFF?

O Tropical Forest Forever Facility (TFFF) é um novo e inovador mecanismo de
financiamento que prevê o pagamento anual e perpétuo aos países florestais por
manterem suas florestas em pé.

O mecanismo inclui um secretariado (TFFF) e um fundo de investimento chamado
Tropical Forest Investment Fund (TFIF), que investirá os recursos de patrocinadores em
títulos de mercados emergentes, evitando setores ligados a combustíveis fósseis, carvão,
turfa e desmatamento.

O TFFF propõe um modelo orçamentariamente neutro de financiamento da natureza,
recompensando os países que protegem suas florestas com US$ 4 por hectare
preservado por ano. As contribuições iniciais dos investidores são aplicadas pelo TFIF, e
os rendimentos desses investimentos são usados para reembolsar integralmente os
investidores originais.

O que torna o TFFF diferente?

● O TFFF combina recursos públicos e privados para criar um modelo de
financiamento misto que oferece retornos aos investidores e pagamentos
baseados em desempenho pela proteção das florestas tropicais — uma mudança
em relação aos tradicionais subsídios de desenvolvimento, que dependem de
recursos públicos sem retorno financeiro.

● Pelo menos 20% dos fundos irão diretamente para comunidades indígenas
que vivem nas florestas, reconhecendo seu papel central na conservação e
corrigindo um problema histórico: os recursos raramente chegam a essas
comunidades.

● O modelo do TFFF não impõe políticas específicas — ele permite que os
países tropicais e as comunidades indígenas implementem suas próprias
políticas e iniciativas de conservação.
Por que isso importa?

● Cientistas estimam que as florestas tropicais são responsáveis por evitar mais de
1°C do aquecimento global, devido à sua capacidade de absorver grandes
quantidades de carbono e resfriar o planeta por meio da produção de vapor
d’água e nuvens.

● Desde a década de 1990, a capacidade dessas florestas de sequestrar carbono
vem diminuindo em razão da degradação e do desmatamento.

● As florestas tropicais prestam serviços ecossistêmicos essenciais, como
sequestro de carbono, controle de erosão e regulação hídrica para países e
regiões inteiras. O avanço do desmatamento já afeta cadeias produtivas, custos
de commodities e a segurança econômica global.

● Novos dados mostram que a destruição florestal está atualmente 63% acima do
nível necessário para que o mundo atinja as metas de interromper e reverter o
desmatamento até 2030.

● O desmatamento e a mudança no uso da terra respondem por 11% das emissões
globais, proporção que aumentará se a devastação continuar crescendo.

FONTE: ClimaInfo

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