Aos sete anos ela despertou para os desafios das questões climáticas na escola e aos nove criou uma fundação para disseminar informações e engajar outras crianças nesse debate
Por Elizabeth Oliveira
Os adultos que estão paralisados nas suas zonas de conforto, considerando que não têm nada a fazer para enfrentar a crise climática, ou mesmo ignorando as suas consequências, precisam conhecer Georgina Magesa, ativista climática de 11 anos que está participando da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) na capital paraense. Aos nove anos, apoiada pela mãe, a educadora Mary Bwahama, ela criou a Georgina Foundation para atuar mais fortemente com ações educativas na Tanzânia, seu país de origem. Mas as portas do mundo já se abriram para ampliar os horizontes dessa menina idealista. A mensagem “As crianças são parte da solução”, estampada num adesivo na capa de seu IPad, reflete exatamente o que mãe e filha acreditam quando o tema envolve essa agenda desafiadora. Ambas afirmam que estão dispostas a mobilizar esforços pelo futuro da infância.
Embora o engajamento de Georgina sobre a necessidade de enfrentamento da crise climática protegendo crianças e jovens tenha começado antes do registro oficial da fundação, foi nos últimos dois anos que ela e sua mãe começaram a ampliar a participação nos debates internacionais sobre o tema. Assim, pelo segundo ano consecutivo elas estão participando de uma COP do Clima. A primeira experiência foi no ano passado, na COP29, realizada em Baku (Azerbaijão). Em Belém, ambas se dizem impressionadas com a mobilização da sociedade, com a receptividade da população da cidade e com as discussões que vêm se desenrolando desde o dia 11. A programação oficial encerrou na sexta-feira (21).

A maratona da viagem de quase 20 horas teve várias conexões, a partir do embarque delas em Dar es Salaam, a maior cidade da Tanzânia. Mas mãe e filha confirmaram que valeu muito a pena ter vindo. “Conhecer a Amazônia era um sonho”, diz a educadora que considera inesquecível a primeira impressão dessa região de natureza e cultura emblemáticas.
Os sorvetes de frutas da região amazônica já fazem parte das memórias afetivas delas e foi justamente na fila de uma sorveteria na Zona Azul que a conversa com a reportagem começou. A menina contou que também se encantou com o sabor de tapioca, seu preferido, e que a mãe adorou bacuri. A ativista climática mirim ainda aceitou a sugestão de provar cupuaçu e se surpreendeu com o sabor. Ambas sabem que preservar esses e outros ingredientes da região para que as gerações atuais e futuras tenham o direito de desfrutá-los depende da floresta e de outros ecossistemas vivos.
Elas também estão preocupadas com o futuro das crianças e jovens das comunidades locais, mas se dizem motivadas por terem presenciado, durante a COP30, como esses grupos sociais da Amazônia lutaram fortemente pelo direito de manterem seus territórios, saberes e modos de vidas protegidos. Essa é uma das mensagens que pretendem compartilhar na volta à Tanzânia.
Em Belém, de forma inovadora, crianças como Georgina tiveram a oportunidade de acompanhar a programação da COP das Infâncias, com atividades específicas para que suas vozes pudessem ser ouvidas. Durante o encerramento da Cúpula dos Povos, no último dia 16, após intensa agenda de atividades da sociedade civil iniciadas no dia 12, crianças e jovens refletiram e emocionaram o público ao defenderem o futuro desejado, a partir das decisões políticas e diplomáticas que precisam ser tomadas no presente. Puderam, ainda, ler em público cartas com reivindicações diante de lideranças governamentais e do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, que esteve acompanhado na ocasião pela CEO, Ana Toni.
Esta reportagem foi produzida por ((oeco)), por meio da Cobertura Colaborativa Socioambiental da COP 30. Leia a reportagem original em Link



