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Turquia deve sediar a COP31 após acordo inédito com a Austrália

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Lúcia Chayb Diretora eco21.eco.br @eco21_oficial @luciachayb luciachayb@gmail.comPor trinta anos foi a jornalista responsável pela revista ECO21 (1990/2020)

A COP31 deverá acontecer na Turquia após um desfecho diplomático que reorganizou as expectativas: a Austrália decidiu retirar sua candidatura e apoiar os turcos, abrindo caminho para um acordo improvável nas negociações da COP30, realizada no Brasil.

Pelas normas da ONU, a sede da conferência de 2026 deve ser definida por consenso dentro do grupo de países da Europa Ocidental, Austrália e outros aliados. O problema é que nenhum dos dois principais interessados — Austrália e Turquia — demonstrava disposição para abrir mão do direito de sediar o evento. O impasse acabou quebrado quando os australianos aceitaram ceder, em troca de seu ministro assumir a presidência das negociações.

A solução surpreendeu observadores internacionais. Apesar de não ser um fato inédito afinal a COP23 foi presidida por Fiji e realizada em Bonn, Alemanha, onde fica a sede da UNFCCC.

Em entrevista à ABC, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, descreveu o acordo como um “resultado extraordinário”, destacando que as demandas das nações do Pacífico permaneceriam no centro do debate. Albanese contou que conversou com James Marape, primeiro-ministro de Papua-Nova Guiné, e com Sitiveni Rabuka, líder de Fiji.

Mesmo assim, a reação na região não foi totalmente positiva. O chanceler de Papua-Nova Guiné, Justin Tkatchenko, disse à AFP que sua nação estava “descontente e desapontada” com o desfecho. O chefe de governo das Ilhas Salomão, Jeremiah Manele, também já havia expressado frustração caso a Austrália não fosse escolhida como anfitriã.

Ainda assim, prevaleceu um sentimento de alívio na COP30, em Belém, já que a falta de consenso sobre a sede vinha se tornando uma situação constrangedora para a ONU.

A Austrália defendia realizar a conferência em Adelaide, com a promessa de co-organização junto aos países insulares do Pacífico — entre os mais vulneráveis aos impactos da crise climática. Já a Turquia pleiteava sediar o encontro em Antália e argumentava ter direito legítimo, já que em 2021 abriu mão de sua vez e permitiu que o Reino Unido realizasse a COP em Glasgow.

Sem acordo, a COP31 seria automaticamente transferida para Bonn, na Alemanha, onde fica a sede do secretariado climático da ONU.

Mas as conversas em Belém renderam um consenso: haverá uma pré-COP em uma ilha do Pacífico, enquanto o evento principal ocorrerá na Turquia. O ministro do Clima da Austrália, Chris Bowen, ficará responsável por presidir as negociações.

“Seria ótimo se a Austrália pudesse ter tudo, mas não é assim que funciona”, disse Bowen a jornalistas. Ele explicou que, em um processo baseado em consenso, qualquer objeção poderia deslocar o evento para Bonn — o que deixaria a COP sem liderança definida por um ano inteiro.

Para ele, a presidência australiana, ainda que desvinculada do país sede, terá plena autoridade para conduzir as negociações: desde nomear lideranças e preparar rascunhos de texto, até publicar a decisão final. Bowen afirmou ainda à BBC que a Turquia nomeará um presidente responsável pela operação logística da conferência — organização do local, agendas e cronogramas.

O recuo australiano deve gerar algum constrangimento para o governo de Anthony Albanese, que vinha articulando intensamente apoio dentro do grupo da Europa Ocidental.
Agora, o acordo precisa ser aprovado pelos mais de 190 países presentes na COP30.
Mas, diante das dificuldades enfrentadas até aqui, é pouco provável que haja resistência.

Rudá Capriles

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