Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge (Reino Unido) em 29 lagos europeus descobriu que algumas bactérias de lagos naturais crescem mais rápido e com mais eficiência nos restos de sacolas plásticas do que em matéria natural, como folhas e galhos.
As bactérias quebram os compostos de carbono no plástico para usar como alimento para seu crescimento.
Os cientistas concluem que enriquecer as águas com espécies específicas de bactérias pode ser uma maneira natural de remover a poluição plástica do meio ambiente.
O efeito é pronunciado: a taxa de crescimento bacteriano mais que dobrou quando a poluição plástica aumentou o nível geral de carbono na água do lago em apenas 4%.
O estudo envolveu 29 lagos na Escandinávia entre agosto e setembro de 2019. Esses lagos diferiram em latitude, profundidade, área, temperatura média da superfície e diversidade de moléculas à base de carbono dissolvido.
Os cientistas cortaram sacolas plásticas de quatro grandes cadeias de compras do Reino Unido e as sacudiram na água até que seus compostos de carbono fossem liberados.
As bactérias tiveram preferência aos compostos de carbono derivados do plástico, em comparação com os compostos de carbono derivados de matérias naturais.
Tudo indica que os compostos de carbono derivados de plásticos são mais fáceis para as bactérias decomporem e usarem como alimento.
“É quase como se a poluição plástica estivesse aumentando o apetite das bactérias. As bactérias usam o plástico como alimento primeiro, porque é fácil de decompor, e depois são mais capazes de decompor alguns dos alimentos mais difíceis – a matéria orgânica”, disse Andrew Tanentzap, do Departamento de Botânica da Universidade de Cambridge, autor sênior do artigo científico.
“Infelizmente, os plásticos vão poluir nosso meio ambiente por décadas. Do lado positivo, nosso estudo ajuda a identificar micróbios que podem ser aproveitados para ajudar a quebrar os resíduos plásticos e gerenciar melhor a poluição ambiental”, disse o professor David Aldridge, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, outro pesquisador envolvido no estudo.
Conheça os detalhes dessa pesquisa publicada na Nature Communications