Resolução aprovada por 63% dos eurodeputados sobe tom contra Bolsonaro, à véspera de mais um recorde mensal de desmatamento
O Parlamento Europeu aprovou na última quinta-feira (7) por 362 votos a 16 uma resolução sem meias-palavras que repudia os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips e lamenta “o desmonte pelo atual governo brasileiro de instituições como a Funai e o Ibama”.
O documento, levado ao plenário exatamente um mês depois de o desaparecimento da dupla ser noticiado, faz um apanhado nada edificante da situação socioambiental do Brasil, abordando desde a desproteção de indígenas até os PLs 191 (que libera o garimpo nesses territórios) e 490 (que introduz o marco temporal nas demarcações), passando pelo desmatamento descontrolado e pelos assassinatos de defensores.
Ao “condenar fortemente” a violência crescente contra ativistas, indígenas, minorias e jornalistas, os eurodeputados disseram também deplorar “a retórica agressiva contínua, os ataques verbais e as declarações intimidadoras do presidente Bolsonaro”.
É um tom pouco comum para se referir a um chefe de Estado. O fato de ter sido aprovado por 63% do Parlamento, o que inclui conservadores (200 dos 578 eurodeputados não votaram), dá a medida da irritação que Bolsonaro desperta na Europa – e do quão improvável será a aprovação do acordo comercial UE-Mercosul enquanto não houver troca de governo no Brasil.
Como se para ecoar a mensagem do Velho Continente, os satélites mostraram nesta sexta-feira mais um resultado da política antiambiental do governo: a área de alertas de desmatamento em junho foi a mais alta da série histórica do sistema Deter-B, com 1.120 km2.
A um mês do encerramento do período de apuração (o desmate é medido de agosto de um ano a julho do ano seguinte), parece provável que o último ano de Jair Bolsonaro registre mais uma taxa de devastação na Amazônia na casa dos 10.000 km2.
FONTE: Observatório do Clima