O Governo Bolsonaro não teve direito a voz, mas Brasil não ficou sem representante no evento. Ela é Paloma Costa Oliveira, 27, uma das coordenadoras do Engajamundo e também assessora do ISA.
O governo brasileiro teve sua fala vetada na cúpula sobre mudanças climáticas da ONU que acontece no dia 23/9, em Nova York, nos Estados Unidos. O Brasil não terá direito a voz porque, segundo a Secretaria-Geral da organização, não apresentou propostas que ampliassem a ambição dos compromissos já assumidos no tratado internacional sobre o tema. O mesmo ocorreu com outros países, como EUA, Japão e Arábia Saudita. O veto faz parte da série de desgastes políticos e diplomáticos decorrentes das posições do Governo Bolsonaro na área ambiental.
O evento foi realizado às vésperas da Assembleia Geral da ONU, que acontece na terça-feira 24/9, justamente para chamar a atenção dos líderes mundiais para o assunto.
Há grande expectativa para o discurso inicial da assembleia, que será feito pelo Presidente Jair Bolsonaro. Faz poucas semanas que o aumento dos focos de queimadas na Amazônia chamou a atenção do mundo e acabou transformando-se numa das maiores crises diplomáticas vividas pelo Brasil, em décadas.
Mas o Brasil não ficou sem representantes na mesa de abertura do evento desta segunda-feira. Paloma Costa Oliveira, de 27 anos, foi escolhida entre mais de 130 jovens de todo o mundo para falar ao lado do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e de outros dois jovens: o indiano Anurag Saha Roy e a sueca Greta Thunberg, 16 anos. Roy falou sobre projetos científicos para a juventude e Thunberg é fundadora do movimento Greve Global do Clima, que vem levando milhões de pessoas às ruas de várias cidades do mundo, para cobrar de governos e empresas ações concretas imediatas contra as mudanças climáticas.
“As pessoas estão sendo impactadas hoje. Já temos tecnologias e iniciativas de combate e adaptação às mudanças climáticas que já estão dando certo. O que precisamos agora é que gestores públicos nacionais e locais transformem essas soluções em políticas públicas”, diz Paloma, quando questionada sobre porque os jovens devem se engajar na questão das mudanças climáticas.
Quem é Paloma?
Em 2015, cursando Direito na Universidade de Brasília (UnB), ela tornou-se estagiária do escritório do ISA em Brasília. Em 2016, fez um intercâmbio para estudar, por um semestre, na Universidade Nacional do Chile, inclusive o tema de mudanças climáticas, e também estagiou na Corte Suprema do Chile. Em 2017, retornou ao ISA, ainda como estagiária, e foi convidada por dois colegas para integrar o Engajamundo, organização formada exclusivamente por jovens que atua mobilizando a juventude sobre as mudanças climáticas.
Em 2018, pelo Engajamundo, foi responsável por uma das instalações do Fórum Mundial da Água, que aconteceu em Brasília. Junto com o amigo João Henrique Alves Cerqueira, também criou o projeto Ciclimáticos, no qual fazem viagens de bicicleta para registrar e divulgar iniciativas sobre mudanças climáticas. Eles já pedalaram mais de 500 km em locais como a Serra da Cantareira (SP), o litoral do Paraná e o interior da Bahia. Também em 2018, foi contratada como assessora do ISA. Hoje, Paloma é uma das coordenadoras do Engajamundo e está terminando o curso de Direito.
Em Julho, foi selecionada para participar da reunião preparatória sobre mudanças climáticas da ONU, realizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Depois disso, ajudou a Secretária-Geral de Juventude da ONU a escolher os 100 jovens que participariam da nova reunião sobre o assunto, voltada apenas a jovens, que aconteceu também em Nova York. Um dia antes, Paloma apoiou a cobertura do ISA e do Engajamundo da marcha realizada na cidade norte-americana como parte da Greve Global do Clima. Foi escolhida para falar na abertura da reunião da ONU em função dessa trajetória.