Entre os dias 15 e 17 de agosto, o Rio de Janeiro sediou um dos encontros globais do Climate Reality Project, organização fundada pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore. O treinamento fez parte do REALITY Tour, série internacional de eventos que prepara novas lideranças para enfrentar a crise climática e fortalecer a mobilização rumo à COP30, que será realizada em 2025, em Belém (PA).
Formação de novas lideranças
Durante três dias de atividades intensivas, os participantes tiveram acesso a dados atualizados da ciência climática, oficinas práticas e debates sobre comunicação e engajamento social. O foco esteve na transição energética justa, no fortalecimento da resiliência comunitária e na promoção de soluções locais que garantam benefícios para populações vulneráveis. Também foram abordados temas como financiamento climático e investimentos inclusivos, fundamentais para assegurar que a mudança para energias limpas alcance todas as comunidades.
Além de Al Gore, o evento contou com a participação de especialistas como Phyllis Cuttino (CEO do Climate Reality Project), Guilherme Syrkis (Centro Brasil no Clima), Kimberly dos Santos Silva (Palmares Lab) e Tasso Azevedo (MapBiomas).
Brasil em destaque
Para Al Gore, o Brasil ocupa posição central na luta climática global. Ele recordou que o país já foi protagonista ao sediar a Eco-92, marco da agenda ambiental internacional, e destacou que agora tem novamente a chance de liderar soluções. O ex-vice-presidente também criticou a falta de consistência dos Estados Unidos na área ambiental, classificando a postura do país como “esquizofrênica”, devido às oscilações de suas políticas climáticas. Segundo ele, a transição energética é inevitável, mas ainda ocorre em ritmo insuficiente diante da gravidade da crise.
Participação de André Corrêa do Lago
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, também participou do encontro e ressaltou a necessidade de incorporar as políticas climáticas à economia. Ele destacou que associar a ação ambiental ao desenvolvimento não representa ameaça, mas sim oportunidade para geração de empregos, fortalecimento da qualidade de vida e crescimento sustentável.
Corrêa do Lago defendeu ainda o multilateralismo como caminho para avançar na implementação dos compromissos assumidos, envolvendo instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial e bancos de desenvolvimento. Ele afirmou que a transição energética já está entre as prioridades da COP30, lembrando que o Brasil tem a vantagem de contar com cerca de 95% de sua matriz elétrica proveniente de fontes renováveis.
O embaixador também apresentou a proposta do Balanço Ético Global, iniciativa inédita da presidência brasileira da COP, que busca refletir sobre a dimensão ética da crise climática e será um dos quatro “círculos de liderança” da conferência — ao lado do financiamento climático, da valorização dos povos indígenas e comunidades tradicionais e da governança climática.
Caminho para Belém
Ao longo do evento, tanto Gore quanto Corrêa do Lago reforçaram a urgência de medidas concretas e destacaram a importância da COP30 como espaço decisivo para o avanço da agenda climática global. Questões como a hospedagem e infraestrutura em Belém também foram mencionadas, com a garantia de que a cidade estará preparada para receber delegações do mundo inteiro.
O Climate Reality Leadership Corps já formou milhares de ativistas ao redor do mundo desde 2006, e agora incorpora ao seu movimento global uma nova geração de brasileiros preparados para atuar localmente e internacionalmente na construção de um futuro justo e sustentável.