Rudá Capriles | Eco21
O satélite Copernicus Sentinel-6B, parte de uma missão internacional dedicada ao monitoramento global do nível do mar, foi desembalado na Califórnia e entrou na fase final de preparação para o lançamento. A decolagem está prevista para novembro, a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX, a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, nos Estados Unidos.
Cooperação internacional para ciência do clima
O Sentinel-6B é resultado de uma ampla colaboração entre a Comissão Europeia, a Agência Espacial Europeia (ESA), a NASA, a EUMETSAT e a NOAA, com apoio adicional da agência espacial francesa CNES. A missão dá continuidade ao trabalho iniciado pelo Sentinel-6 Michael Freilich, lançado em 2020, e garante a sequência de mais de três décadas de registros contínuos de altimetria oceânica, fundamentais para acompanhar o aumento do nível do mar.
Esse histórico começou com o satélite Topex Poseidon, lançado em 1992 em parceria franco-americana, e foi ampliado pela série de missões Jason. Agora, o Sentinel-6B assume o papel de referência mundial, consolidando os dados com precisão inédita.
Importância científica e climática
A elevação do nível dos oceanos é um dos principais indicadores da crise climática global, resultado direto do aquecimento da atmosfera, do derretimento das geleiras e da expansão térmica da água do mar. Por isso, o Sentinel-6B é considerado a principal missão de referência em altimetria oceânica, estabelecendo a base para análises científicas e políticas públicas voltadas à adaptação climática.
Além de medir a altura da superfície do mar, o satélite também monitora ondas e ventos, dados indispensáveis para previsões oceânicas em tempo quase real, beneficiando desde o planejamento de operações marítimas até sistemas de alerta precoce para eventos extremos.

Tecnologia de ponta a serviço da Terra
O Sentinel-6B é equipado com um altímetro de alta precisão, que mede o tempo que pulsos de radar levam para viajar até a superfície da Terra e retornar ao satélite. Essas informações, combinadas com dados de posicionamento orbital, permitem calcular a altura da superfície do mar com grande exatidão.
Outro instrumento essencial é o radiômetro avançado de micro-ondas, desenvolvido pela NASA. Ele corrige os efeitos do vapor d’água da atmosfera sobre os sinais de radar, garantindo que as medições não sejam distorcidas pelas condições climáticas.
Próximos passos até o espaço
Após viajar da Alemanha até os Estados Unidos — primeiro pelo Texas e depois por transporte terrestre até a Califórnia —, o satélite passou por inspeções minuciosas. Agora, está em fase de testes funcionais, verificação dos painéis solares e abastecimento de combustível para a vida útil em órbita.
Concluída essa etapa, o Sentinel-6B será acoplado à carenagem do Falcon 9 e preparado para o lançamento. A data exata da decolagem será confirmada nas próximas semanas.
Um marco para a ciência do clima
Com a missão Sentinel-6, a comunidade científica mundial terá acesso ao mais completo conjunto de dados já produzido sobre a dinâmica dos oceanos. Essas informações são essenciais para compreender as transformações em curso no sistema climático e orientar estratégias de mitigação e adaptação diante dos impactos crescentes do aquecimento global.
O lançamento do Sentinel-6B, portanto, não é apenas mais um avanço tecnológico. É um passo decisivo para reforçar a capacidade global de vigiar os oceanos, prever riscos e proteger milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras ameaçadas pela elevação do nível do mar.
