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O Rio de Janeiro continua lindo! E agora está mais lindo ainda! 

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Lúcia Chayb Diretora eco21.eco.br @eco21_oficial @luciachayb luciachayb@gmail.comPor trinta anos foi a jornalista responsável pela revista ECO21 (1990/2020)

por Elisa Homem de Mello

A Semana do Oceano (Rio Ocean Week 2025), pela primeira vez realizada na Cidade Maravilhosa, foi mais que apropriado. Foi perfeito! A começar pela escolha do local: à beira mar, ao lado do Distrito Naval e dentro do Museu do Amanhã. Fato: o navio interpretado na arquitetura do mestre espanhol Santiago Calatrava foi circundado por um mar de gente. Era tanta criança, tanto palestrante, tanto professor, tanto staff, tantos profissionais da área marinha, tanta gente que, muitas vezes, nos encontrávamos, esbarrávamos com amigos, trocávamos saberes, conhecíamos pessoas.

E afinal, a Rio Ocean Week, foi sobre isso (também): pessoas. 

Palestras, exposições e encontros fazem parte da Rio Ocean Week 2025 – Foto: Lúcia Chayb

Porque, se pararmos para pensar, a Terra está aqui há bilhões de anos e, pasmem (!), ela continuará por mais alguns bilhões de anos, girando no espaço. E ela não liga muito para o fato de estarmos deixando-a doente. Cedo ou tarde, a Terra se cura. Ela já fez isso várias vezes. Ela já se transformou de muitas formas e numa delas, surgimos nós. Mas nós…. ah! Bobagem tentar falar de pessoas sem habitat para pessoas. Simples assim e nem dá para explicar muito mais que isso. Chama-se interdependência. É que além de dual, este planeta também prima por sua característica de interdependência entre tudo o que nele habita e existe. Aqui tudo deve coexistir. Quem não se adapta a isso, não permanece, não se sustenta na Terra.

E vem sendo auspicioso demais termos incluído o oceano nesta busca desenfreada de muitos, por mais tempo para agirmos no combate a esta enfermidade. Essa ação, é bom que se diga, se espelha de forma inversamente proporcional a tudo o que foi feito com o solo que habitamos, desde os primórdios da Revolução Industrial. Desta vez, estamos cientes do que vem acontecendo e do risco que legamos aos nossos herdeiros. 

Por essa consciência e por tantas outras coisas, é uma benção poder conhecer a fundo o oceano, com base em ciência, em culturas de pessoas que viviam aqui antes de nós (e de forma mais harmoniosa do que nós), para obtermos dados concretos sobre esse lugar na Terra, que ainda conhecemos tão pouco… talvez conheçamos mais sobre Marte do que sobre o Oceano, não sei.

O que sei é que justamente essa imensidão azul tem a chave para curar a Terra e nos salvar dessa doença, também chamada de aquecimento do globo. Associado, é claro, à interrupção paulatina da produção de energia através da queima de Carbono (C), esses conhecimentos nos ajudarão a manter-nos aqui, bem como os que chegarem depois. Mas, ao que tudo indica, e não me cabe dourar a pílula, esses que chegarão depois, infelizmente, já não terão as mesmas oportunidades de coexistir com muitos outros seres vivos que padecerão por conta da enfermidade, ao longo do caminho. Serão várias as espécies dizimadas. Serão vários os que cairão em combate.

O Museu do Amanhã continua lindo – Foro: Elisa Homem de Mello

Sim, isso implica em investimento pesado em educação, em estudo, na formação de um amplo banco de dados com informações abertas a todos, na produção de formas para obtermos energia limpa [solar, eólica (NÃO OFFSHORE NÃO, por favor!) e, daqui a um tempo não muito distante, energia atômica por fissão]. Este seria o cenário perfeito. Mas até lá…..

Até lá, senhoras e senhores, o serviço é árduo, mas será valoroso. Fico aqui imaginando a quantidade de variáveis que se interligam, interdependem do oceano e que terão de ser calculadas. Beira o infinito! Alimentação, Economia, Segurança, Meteorologia, Saúde, Cultura, Inovação, Ciência, Tecnologia, apenas para citar algumas. Importante lembrar que, cada uma delas  apresenta sub variáveis que, por sua vez, se dividem em outras e mais outras e que todas devem estar presentes para que qualquer cálculo possa ser feito. Pois é, como já dizia uma campanha que vi por aí: sem o azul nem a conta fecha! Pensar em elaborar políticas públicas para as pessoas, então? Impossível sem todos esses  números.

E se é sobre pessoas, vamos a elas! 

Começando pela pergunta: o que somos nós? De que somos constituídos? 

Resposta vencedora: somos mais de 70% formados por água (H2O). 

O que produzimos enquanto seres formados assim? 

Resposta vencedora: durante nossa respiração, inalamos oxigênio (O2) – nosso prana ou energia vital – e produzimos por expiração gás carbônico (CO2). 

Rio Ocean Week 2025 – Foto: Elisa Homem de Mello

Então, para haver equilíbrio entre nós, que habitamos esse local, e o próprio local em si, é preciso que algo nele seja transformado ou se utilize desse gás para sobreviver. Sim, as árvores sobrevivem com o gás que eliminamos e, em troca, nos oferecem o gás que precisamos.

Mas, há muitos anos, calado e sem voz, o mar é o responsável maior por essa função físico químico matemática. Assim, olhar para o oceano, que compõe a Terra em mais de 70% também, parece óbvio agora, quando conscientemente (ao contrário do período em que se iniciou a Revolução Industrial) experimentamos o ponto de maior enfermidade do local em que vivemos. Sem o Azul não há possibilidade de haver o Verde. E, a não ser que nos tornemos todos anfíbios, o verde, o chão que pisamos e de onde nos alimentamos, deixará de existir e aqui se tornará cada vez mais inóspito para nós, seres humanos, prosperarmos. 

E a Terra, impávida colosso, permanecerá. E se não tratarmos de agir rápido, ela cuidará para que sua permanência seja assegurada, mesmo que, para isso, sejamos nós os eliminados, desta vez, assim como um dia foram os da pré-história.

Esse é um dos grandes ensinamentos que tiramos da Rio Ocean Week 2025: estamos atrasados para o futuro! O clima é de ação! De transformar o mindset das pessoas, de todas as pessoas! De informar e formar sobre oceano!

Pois, afinal, para falarmos de e sobre pessoas precisamos falar de mar. E, embora a Rio Ocean Week 2025 esteja chegando ao fim, se você me acompanhar por aqui, vai saber tudo o que rolou e conhecer também muito mais sobre esse lugar incrível e apaixonante. 

Elisa Homem de Mello, jornalista científica na EBVB, na ECO21, na Envolverde, no Pacto Global da ONU; ativista ambiental na Liga das Mulheres pelo Oceano e na Sea Shoherd do Brasil; nadadora e amante do mar; ser humano nascido na Terra a 330 ppm.

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